Após superar muitos obstáculos, a renovação da loja de departamentos La Samaritaine, dedenvolvida pelo escritório japonês SANAA, está pronta para abrir suas portas ao público. A remodelação da famosa loja parisiense restitui seu valor histórico ao trazer uma contribuição contemporânea à arquitetura do Segundo Império.
Fundada em 1870, La Samaritaine é um ícone parisiense e da nova tipologia arquitetônica que revolucionaria o comércio – a loja de departamentos. O que começou como uma pequena loja se expandiu para uma série de edifícios que ocupam dois quarteirões em uma extremidade da Pont Neuf.
A loja de departamentos foi fechada em 2005 por motivos de segurança e o projeto geral de reforma ficou a cargo do renomado escritório de arquitetura SANAA. A proposta envolveu uma ampla remodelação dos edifícios do início do século XX e uma reinvenção programática da ilha urbana. Além da área comercial, o projeto compreende um hotel 5 estrelas, 96 unidades de habitação social, escritórios e uma creche.
A nova área comercial foi distribuída em três andares ao longo de um eixo de circulação central que conecta edifícios em ambas as extremidades. Na Rue Rivoli, o SANAA propõe um gesto arquitetônico contemporâneo que marca o renascimento da Samaritaine, escrevendo uma nova página na história deste emblemático estabelecimento. A nova fachada ondulada de vidro é, de fato, uma continuação do espírito vanguardista e da pesquisa sobre o vidro que caracterizou o trabalho dos arquitetos responsáveis pelo projeto original do La Samaritaine, Frantz Jourdain e Henri Sauvage. Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa descrevem sua intervenção como uma negociação com a escala monumental do edifício e a importante fronteira com a Rue Rivoli. A fachada dupla reflete os ornamentos da arquitetura do entorno e apresenta um movimento que convida o público a explorar o quarteirão urbano.
Os maiores esforços se voltaram, contudo, à restauração. Os icônicos elementos Art Nouveau da fachada e seus azulejos esmaltados coloridos foram restaurados, junto com a grande escadaria e a clarabóia no átrio da loja. Além disso, o bloco de apartamentos do século XVII na Rue de Rivoli está sendo convertido em habitação social pelo arquiteto François Brugel, ao passo que Edouard François se encarregou de transformar o edifício à beira do rio Sena em um hotel.
O projeto enfrentou uma série de desafios e as obras foram interrompidas diversas vezes por decisões judiciais resultantes da forte pressão de grupos de preservação do patrimônio. Após quase uma década em construção, o projeto abrirá suas portas este ano.
Imagens via Simón García